Um novo estudo relacionado à edição do DNA do Carcinoma Anaplásico de Tireoide, o mais agressivo tipo de câncer na glândula, pode ajudar a melhorar o tratamento e acompanhamento dos pacientes. A pesquisa foi realizada no Laboratório de Biologia Molecular da Tireoide, do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB), da Universidade de São Paulo (USP), que tem como coordenadora a Dra. Edna Kimura (ex-presidente do Departamento de Tireoide entre os anos de 2009 e 2010).
Através da cultura das células in vitro, os pesquisadores descobriram que elas cresciam e deslocavam-se menos, e ficavam com uma capacidade invasiva menor.
Segundo os cientistas, as variantes agressivas desse tipo de câncer são mais difíceis de tratar. Isso acontece porque o microRNA (miR-17-92) tem sua expressão aumentada como em diversos tipos de cânceres agressivos. A edição gênica deste microRNA foi feita usando o método CRISPR, que utiliza uma proteína chamada Cas9 para ‘cortar’ o DNA.
A pesquisa também avaliou a diferenciação das células, que é a capacidade de expressar genes relacionados ao metabolismo do iodo. De acordo com os especialistas, esse fato é muito importante, já que o principal tratamento para o câncer da tireoide pós cirurgia é o iodo radioativo.
O estudo, realizado pelo Dr. Cesar Seigi Fuziwara, pela Dra. Edna Kimura e Dra. Kelly Cristina Saito, está publicado na revista Thyroid.
Thyroid Follicular Cell Loss of Differentiation Induced by MicroRNA miR-17-92 Cluster Is Attenuated by CRISPR/Cas9n Gene Silencing in Anaplasic Thryoid Cancer
Prêmio Nobel de Química
No início de outubro, as cientistas Emmanuelle Charpentier (França) e Jennifer A. Doudna (EUA) ganharam o Prêmio Nobel 2020 em Química pelo desenvolvimento do CRISPR, método de edição do genoma utilizado no estudo dos cientistas da USP. Essa é a primeira vez que duas mulheres foram premiadas juntas na categoria.