Várias mudanças de conduta têm sido observadas em relação ao diagnóstico do Câncer da Tireoide, principalmente após o recente aumento do número de casos detectados. De acordo com o que afirmou a Dra. Laura S. Ward, vice-presidente do Departamento de Tireoide da SBEM, durante uma palestra no CBEM 2010, em Gramado, apesar do crescimento, a maioria deles corresponde a tumores pequenos. “Embora a incidência possa chegar a 63% da população, principalmente entre mulheres acima dos 60 anos, cerca de 90% desses nódulos são benignos. Mesmo assim, casos específicos devem ser avaliados”, alerta a especialista.
Em geral, apenas nódulos maiores que 1 cm devem ser investigados, porém os especialistas devem ficar atentos a alguns casos de nódulos menores, principalmente quando existe história de irradiação na cabeça e/ou pescoço, histórico familiar de Câncer de Tireoide ou achados sugestivos de malignidade à ecografia (ex. hipoecogenicidade, aumento do fluxo intranodular). “Quando um nódulo tireoidiano é identificado, devemos realizar uma anamnese completa, investigando para os possíveis fatores de risco. Vale lembrar que crescimento rápido, rouquidão ou dificuldade de engolir são sintomas que sugerem a malignidade”, alerta a especialista. Para ela, a classificação do risco do paciente, num primeiro momento, é muito importante. “É através da análise de risco que optaremos por uma tiroidectomia total, ou parcial”, afirma.
Em sua palestra, a especialista destacou, também, formas eficientes de identificação, entre elas o ultrassom ou a tireoglobulina. “São ótimos marcadores. Além disso, estão surgindo tireoglobulinas mais sensíveis e, se forem usadas juntamente com o ultrassom, é possível que se chegue a um resultado com quase 100% de certeza”, diz a endocrinologista.
De acordo com o artigo “Carcinoma Diferenciado da Tireoide”, publicado no blog da SBEM, assinado pelos doutores Ana Luiza Maia, Mario Vaisman e Léa Z Maciel, além da Dra. Laura, de modo geral, é consenso que a punção-biópsia com agulha fina é o exame mais importante na avaliação de um nódulo da tireoide. Ele vai responder se o nódulo é um câncer ou não.
De acordo com o texto, a abordagem inicial pode incluir a dosagem do TSH sérico. “Níveis supressos do TSH sugerem um nódulo funcionante, que classicamente apresentam baixa taxa de malignidade. Nesse caso, uma cintilografia pode confirmar o nódulo “quente” e mesmo dispensar exames citológicos. Se o nódulo foi identificado pela palpação, é necessária a realização de uma ultrassonografia para determinação precisa do tamanho, aparência (cístico, microcalcificações, bordas) ou presença de outros nódulos. Nódulos localizados na parte posterior da tireoide e os nódulos mistos devem ser puncionados. É também importante que a PAFF seja avaliada por citopatologista com experiência em tireoide”.
De acordo com a Dra. Laura, existem várias evidências de que microcarcinomas (menores que 1cm), em indivíduos classificados como de baixo risco, podem não evoluir clinicamente. A definição, porém, do perfil de quem são os pacientes com baixo risco ainda não é clara. De acordo com o artigo, “suas características principais são uma mescla de fatores relativos ao paciente, como sua idade (entre 20 e 45 anos), e ao tumor descrito pelo cirurgião e pelo patologista (tamanho menor do que 2 cm, papilífero clássico e bem diferenciado, de foco único, central e sem invasão extratireoidiana)”. Mesmo assim, o texto alerta que a avaliação de risco deve ser refeita a cada reavaliação do paciente com CDT durante seu acompanhamento.