Melq Ferreira é preparador físico de atletas de surf e personal trainer, na cidade de Fortaleza (CE). Ele tem 41 anos e descobriu um bócio nodular na tireoide, aos 20. Na época, submeteu-se à cirurgia para retirada do bócio e, desde então, segue o tratamento para o hipotireoidismo. Ele tem acompanhamento endocrinológico e, a cada três meses, avalia os níveis dos hormônios da tireoide com exames de sangue. Conheça um pouco de seu dia a dia.
Por que escolheu a educação física e como é o seu dia a dia de trabalho?
Melq Ferreira: Escolhi ser Educador Físico pela vocação, pois fui criado no meio das brincadeiras de rua e, além disso, desde criança pratiquei vários esportes (vôlei, futebol de campo e salão, karatê, judô, aikido, capoeira, jiu jitsu, muai thay, kung fu, skate e o meu esporte preferido e atual – surf). Atualmente, acordo às cinco da manhã, pois só posso tomar café às 5:30 devido o jejum que tenho que ficar por causa do medicamento para o hipotireoidismo que tomo todos os dias. Meu primeiro aluno é às 6h e sigo na rotina até às 10h da manhã; Chego em casa no meio da manhã, faço um lanche e espero a hora de buscar meus filhos na escola. Almoço às 12:30 aproximadamente, descanso um pouco e às 15h volto às atividades profissionais. São atualmente 15 alunos, por dia, sendo 8 atletas do surf. Meu trabalho encerra-se às 22h. Então, os horários que tenho para treinar, são geralmente na desistência de algum aluno ou com a galera do surf ou mesmo por volta das 22h.
Qual o seu problema na tireoide? Como e quando descobriu?
Melq: Hoje tenho hipotireoidismo. Foi descoberto quando tinha 20 anos. Enquanto eu bebia água uma tia observou que eu tinha dois nódulos no pescoço. Um dele é o vulgamente chamado maça-do-adão, porém tinha outro bem maior. Como na época eu comia demais e era muito magro, minha mãe me levou ao médico e o dignostico, após alguns exames, foi de hipertireodismo. No meu caso, tive que fazer cirurgia para a remoção do bócio.
Como é a sua rotina de tratamento da doença?
Melq: Atualmente, tomo o medicamento indicado pela endocrinologista todos os dias pela manhã e faço exames de sangue periódicos, de três em três meses para observar os níveis de T3, T4 e TSH.
Mesmo com a vida corrida, você pratica algum esporte?
Melq: Meus esportes são o surf e o jiu jitsu. Devido a minha agenda cheia, vou treinando nos espaços que aparecem. Geralmente, umas quatro vezes por semana, contando com os sábados e domingos.
Você participa de competições? Como é o seu treino para elas? E qual q melhor colocação que você já conseguiu?
Melq: Faço treinamentos funcionais e pratico sempre que posso a modalidade específica, surfando ou lutando jiu jitsu. Minha melhor colocação foi há uns dois anos, em um campeonato de jiu jitsu. Cheguei em terceiro lugar em uma seletiva para o campeonato estadual. Já no surf não venho tendo bons resultados.
Você acha que o seu problema na tireoide atrapalha seu desempenho? Se sim, como?
Melq: Às vezes, quando os sintomas estão latentes. É o caso do desânimo, que atrapalha na hora de treinar, pois a tendência é poupar o corpo quando aparece o cansaço sem motivo. Desta forma, eu acabo querendo descansar em vez de treinar.
Que mensagem você deixa para as pessoas que acham que o problema na tireoide é um impeditivo para as competições esportivas?
Melq: Mesmo com o problema na glândula tireoide, é possível levar uma vida normal. Fazer exames constantemente e tomar os remédios direito, traz uma qualidade de vida igual a todos os outros que não possuem o problema na tireoide. No mais, é enfrentar as dificuldades, levantar a poeira e dar a volta por cima.
Fotos: Arquivo Pessoal.