A SBEM, através do seu Departamento de Tireoide, vem se posicionar em relação à vacinação contra o novo coronavírus (SARS-CoV-2) em pacientes com doenças da tireoide, em resposta às perguntas mais frequentes que temos recebido da população e da comunidade médica.
O documento esclarece as principais dúvidas dos pacientes com relação ao grupo prioritário, contraindicação da vacina e uso de medicamentos.
Ainda há um bom caminho a ser percorrido no combate à Covid-19, mas a aprovação e aplicação das vacinas em vários países já é uma grande conquista da ciência e dos pesquisadores, em um espaço tão curto de tempo.
A vacinação é a nossa principal esperança. Por isso, falar sobre a sua importância é fundamental, principalmente em um momento de desconfiança com relação à segurança e de muita disseminação de fake news.
Se você tem alguma disfunção tireoidiana converse com seu médico para tirar as suas dúvidas e procure buscar informações de órgãos e instituições confiáveis. Vale lembrar que pessoas com problemas na tireoide não precisam ter receio de tomar a vacina. Não há contraindicações para esses pacientes.
Por enquanto, a imunização está restrita aos profissionais da saúde, idosos e pessoas com deficiência que vivem em instituições e a população indígena aldeada. Mas, assim que possível, todos devem ser vacinados. Com a população imunizada, podemos reduzir a chances de infecção e gravidade da Covid-19.
Lembre-se que não há tratamento precoce contra a doença e a vacinação não protege apenas você. A proteção é para todos. Portanto, quando chegar a sua vez, não deixe de se vacinar.
Veja o posicionamento em versão PDF e a seguir a íntegra do documento.
Posicionamento em relação à vacinação contra o novo coronavírus (SARS-CoV-2) em pacientes com doenças da tireoide.
A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, por meio do seu Departamento de Tireoide, vem se posicionar em relação à vacinação contra o novo coronavírus (SARS-CoV-2) em pacientes com doenças da tireoide, em resposta as perguntas mais frequentes que temos recebido da população e da comunidade médica:
1 – Pacientes com hipotireoidismo, hipertireoidismo, doenças autoimunes tireoidianas, (tais como Tireoidite de Hashimoto e Doença de Graves), nódulos tireoidianos ou câncer de tireoide devem ser vacinados no grupo prioritário?
Não, até o momento não existem evidências que demonstrem que tais doenças da tireoide, aumentem o risco de morbidade ou mortalidade pela infecção do coronavírus. Uma exceção é o caso de pacientes com câncer avançado de tireoide e que estejam em quimioterapia.
2 – Existe alguma contraindicação específica, até o momento, para que pacientes com hipotireoidismo, hipertireoidismo, doenças autoimunes tireoidianas, (tais como Tireoidite de Hashimoto e Doença de Graves), nódulos tireoidianos ou câncer de tireoide sejam vacinados contra o novo coronavírus (SARS-CoV-2)?
Não, até o momento as contraindicações são as mesmas aplicadas para a população geral. No presente momento, as recomendações são para se evitar vacinar pacientes com menos de 18 anos de idade, gestantes e aqueles com hipersensibilidade a um dos componentes da fórmula vacinal.
Não existem estudos que demonstrem impacto na evolução da doença autoimune tireoidiana após a vacinação contra o novo coronavírus (SARS-CoV-2).
3 – Pacientes em uso de pulsoterapia com corticoides para tratamento da orbitopatia de Graves, em uso de quimioterapia para câncer de tireoide ou em programação para radioiodoterapia devem ser vacinados?
Como é de conhecimento médico o uso de corticoides leva a um estado de imunossupressão. Não existem estudos que respondam a esta pergunta até o momento.
Entretanto, a decisão de realizar ou não a vacina deve ser compartilhada entre o médico e o paciente. Uma possibilidade seria aguardar o término do tratamento com corticoides para a aplicação da vacina. Em geral se evitam vacinas com vírus atenuados nesse grupo de pacientes.
Quanto ao uso de quimioterápicos (ou medicamentos para terapia alvo) no câncer de tireoide, reforçamos a ausência de estudos e que a decisão deve ser compartilhada entre o médico e paciente, ponderando os riscos, benefícios de cada paciente.
Um cenário semelhante encontramos em pacientes que estão em programação para o uso de radioiodoterapia, devendo a discussão ser compartilhada entre o médico e paciente. Nesse caso, uma possibilidade seria postergar a aplicação da vacina ou a radioiodoterapia.
Dra. Patrícia de Fátima S Teixeira
Presidente do Departamento de Tireoide da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia
Dr. César Luiz Boguszewski
Presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia