Os hormônios produzidos pela tireoide (triiodotironina – T3 e tiroxina – T4) são responsáveis por regular o metabolismo do nosso corpo e como ele usa e armazena a energia. Quando há a diminuição dos níveis circulantes destes hormônios no organismo, ocorre o hipotireoidismo. Quando acontece o excesso, chamamos de hipertireoidismo ou tireotoxicose.
A Dra. Ana Luiza Maia, ex-diretora do Departamento de Tireoide da SBEM, explicou que em alguns casos os níveis de hormônios no sangue não são muito elevados. O que se observa é apenas uma alteração de outro hormônio que controla a função da tireoide, o TSH (tiretrofina). Quando a pessoa apresenta essa alteração, usamos o termo hipertireoidismo subclínico, que se refere ao aumento discreto dos níveis séricos hormonais, ainda dentro da faixa de normalidade, sendo que muitas vezes o indivíduo não apresenta sintomas. No entanto, o hipertireoidismo subclínico pode determinar alterações importantes, principalmente no sistema cardiovascular (aumento do risco para arritmias) e ósseo (osteopenia ou osteoporose), especialmente em pessoas com mais de 60 anos.
Incidência e Causa do Hipertireoidismo Subclínico
O problema pode surgir em qualquer fase da vida e pode afetar tanto homens quanto mulheres. No entanto, a incidência é maior entre as mulheres na idade adulta. Segundo a endocrinologista, a frequência chega a ser cinco ou seis vezes maior nas mulheres do que nos homens.
Com relação às causas, elas são as mesmas do hipertireoidismo, que apresenta as doenças imunológicas como causas mais comuns. “A causa mais frequente é a Doença de Graves, condição autoimune que gera uma anomalia no funcionamento da glândula da tireoide. Mas, também pode surgir devido a Doença de Hashimoto, a uma tireoidite viral ou devido ao fato do paciente estar fazendo tratamento para o hipotireoidismo e tomar doses de hormônios mais elevadas do que o necessário.”
Diagnóstico e Tratamento
O diagnóstico do hipertireoidismo subclínico é feito com a dosagem dos hormônios T3 e T4 e o TSH, hormônio que regula a tireoide. A Dra. Ana Luiza ressalta que o mais importante é identificar o que está causando o aumento dos níveis hormonais. É a partir desta investigação que o melhor tratamento será definido.
A médica esclarece que o tratamento pode ser feito com medicação ou não. Em alguns casos, não há necessidade de fazer um tratamento medicamentoso, pois pode ser uma alteração transitória. “Às vezes temos uma situação que precisamos usar medicações e em outras precisamos apenas observar como o paciente vai evoluir.”
Em casos específicos, como de gestantes, Dra. Ana Luiza enfatiza que é muito importante uma investigação rigorosa. É preciso avaliar caso a caso, geralmente por um endocrinologista, para confirmar o diagnóstico. Na gestação, na maioria dos casos, não é necessário tratamento apenas acompanhar o caso. “Temos que pensar não só na paciente, mas também no bebê. A avaliação deve ser cuidadosa e a terapia muito bem analisada”, concluiu.