Por Cintia Salomão Castro
O Laboratório de Endocrinologia Molecular do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho foi criado no ano 2000 pela médica Carmen Cabanelas Pazos de Moura, atual secretária do Departamento de Tireoide da SBEM.
Situado no campus da Ilha do Fundão da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), reúne uma equipe que realiza pesquisas experimentais para o estudo da tireoide, envolvendo diversos aspectos desde a secreção de TSH a impactos nutricionais no mecanismo da glândula.
Além da Dra. Carmen, a Dra. Tânia Maria Ortiga Carvalho também é responsável por pesquisas sobre a glândula tireoide.
“Atuei no laboratório de Fisiologia Endócrina Doris Rosenthal, juntamente com a Dra. Tânia, de 1993 até o ano 2000. A partir de então, os grupos cresceram e adquiriram individualidades em termos de pesquisa” – explica a Dra. Carmen, que também atuou como professora da UERJ.
As análises seguem duas linhas principais de pesquisa: a regulação central da função tireoidiana com foco na secreção de TSH; e os mecanismos de ação hormonal e os efeitos dos hormônios da glândula.
– Estamos tentando entender como funciona o processo através do qual o hormônio tireoidiano atua nos vários tecidos – resume a Dra. Carmen.
Animais Transgênicos
Alguns estudos são feitos com camundongos geneticamente modificados, obtidos através de colaboração com grupos do Japão e dos Estados Unidos. O responsável da equipe norte-americana é o professor Fredric E. Wondisford, da Johns Hopkins University School of Medicine.
“Eles sofrem mutações no receptor, similares às mutações registradas nos seres humanos que apresentam síndrome de resistência à ação dos hormônios tireoidianos”, explica a médica.
Um dos assuntos mais recentemente explorados é a ação dos hormônios tireoidianos na regulação do peso corporal e suas interações com o metabolismo energético. Outro estudo aborda os efeitos da dieta com óleo de peixe na sinalização dos hormônios da tireoide no fígado.
“Verificamos que os animais que, desde o desmame, recebem como fonte principal de lipídeo o óleo de peixe, têm o colesterol diminuído, menor peso corporal e maior sinalização dos receptores de hormônios tireoidianos. Então achamos que uma parte dos efeitos benéficos dessa dieta deve-se a uma ampliação da sinalização dos hormônios tireoidianos” – esclarece a Dra. Carmen.
Parcerias
Através de uma parceria com a UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), a equipe procura identificar quais fatores contribuem com uma maior propensão à síndrome metabólica na vida adulta.
Outra instituição parceira do Laboratório é o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), na própria UFRJ, com o qual é realizada uma interação pesquisa clínica-básica, sob a coordenação da Dra. Tânia Maria Ortiga Carvalho. Atualmente, uma aluna do programa de doutorado MD –PHD faz análise molecular de material recolhido de pacientes do ambulatório do hormônio do crescimento do HUCFF. Dentro da mesma parceria, outra aluna pesquisa marcadores de moleculares para tumores da adrenal.
Interação
A Dra. Carmen destaca a interação histórica entre as áreas de pesquisa básica e clínica, no Brasil, como um fator que reforça a participação dos profissionais nos encontros científicos nacionais:
“Os pesquisadores que iniciaram a pesquisa em tireoide no país e que criaram o EBT (Encontro Brasileiro de Tireoide) tiveram uma vivência básica e clínica, e sempre estimularam tal interação. O primeiro EBT tinha pouco mais de cem pessoas, mas hoje o público passa de mil participantes. Esse diálogo é uma característica do campo que pesquisa a tireoide no Brasil”.
Equipe e Apoio
Além das docentes Carmen e Tânia, a equipe reúne quatro alunos em pós-doutorado e nove em pós-graduação – cobrindo diversas áreas, como biomedicina, biologia, nutrição, enfermagem e educação física e fisioterapia.
O Laboratório de Endocrinologia Molecular tem o apoio da CNPq, da Faperj e da Capes.