Entre os debates do LATS 2015, realizado recentemente em Salvador, duas questões sobre novos para o tratamento do hipotireoidismo. Participaram as professoras Maria Izabel Chiamoleira, Gisah Amaral Carvalho e Patrícia de Fátima Teixeira.
Nele foram abordados três tópicos. O primeiro discorreu sobre o que fazer quando o paciente permanece com níveis elevados de TSH a despeito do uso de altas doses de levotiroxina.
A Dra. Patrícia de Fátima Teixeira, membro do conselho editorial do site da tireoide, defendeu a investigação de doenças associadas e que cursam com má absorção intestinal ou interferência na produção, transporte ou ação dos hormônios tireoidianos.
Foram listadas algumas medicações, de uso comum, e que podem causar tal impacto, como, por exemplo, o uso de inibidores de bomba de prótons para o tratamento de úlceras ou gastrite, bem como o uso de antidepressivos.
Dentre as condições que podem contribuir para a má absorção, foram citadas a doença celíaca, a gastrite atrófica, a infecção pelo H. Pylori e algumas cirurgias bariátricas, entre outras.
Em contrapartida, a Dra. Gisah Amaral Carvalho, presidente do Departamento de Tireoide, palestrou sobre o uso de formas alternativas de tratamento com levotiroxina em casos de má adesão terapêutica. Destacou que é muito comum a má adesão e que o médico deve estar atento ao fato. Foram discutidas a ingestão concomitante com o café da manhã, antes de dormir e o uso de doses semanais, ao invés de doses diárias de levotiroxina, em casos selecionados.
Outro tópico abordado foi a redução ou não da dosagem de levotiroxina no paciente idoso, com o objetivo de manter os níveis de TSH de tais pacientes um pouco mais elevados ou no limite superior da normalidade. Pontos favoráveis a tal conduta foram apresentados e defendidos, porém uma análise crítica da literatura sobre as evidências para tal procedimento também foi apresentada. A plateia se mostrou muito interessada sobre os assuntos e levantaram várias situações práticas do “dia a dia” que mereceram discussão.
Por último, também se debateu sobre o uso associado de T3 à levotiroxina; sendo destacado o posicionamento de todas as sociedades, inclusive a SBEM, contra tal conduta na prática clínica nos dias atuais. Discutiu-se que pacientes com polimorfismos genéticos de desiodades do tipo 2 poderiam ter benefícios de tal conduta. Porém, foi lembrado que não existem formas farmacêuticas seguras e fisiológicas para administração do T3 e que, no momento, tal conduta deve se restringir a centros de pesquisa.
No segundo, debate participaram o Dr. Mário Vaisman e as doutoras Gláucia Mazetto e Léa Maciel. A aplicação do screening ou rastreio universal de hipotireoidismo na gravidez foi defendido, no debate, por se tratar da aplicação de exames simples e de baixo custo frente aos possíveis custos inerentes das complicações do hipotireoidismo não tratado durante a gestação.
A ausência de estudos randomizados foi o único limitante para tal recomendação ser aplicada por muitas sociedades, porém um ponderamento sobre todos os possíveis benefícios de tal procedimento deve ser valorizado.